Muita gente tem medo de ficar sem resposta a essa questão. Uns acham que ter uma vida com significado é fazer algo muito importante para o futuro da humanidade. Esta é uma opção, digamos, meio megalomaníaca. Se pensarmos assim, poucos foram aqueles que tiveram uma vida com sentido.
No limite normal das possibilidades nos pegamos em questionamentos mais rasteiros: eu sirvo pra quê? O que eu sei fazer?


Lembro de uma vez conversar com uma amiga sobre isso. Ficamos alguns minutos pensando sobre o que sabíamos fazer. Ela estava meio desanimada pois não via entre as possibilidades nada de tão rentável no mercado. Acaba que todo o sentido profundo da existência vira um amontoado de funções em um Curriculum Vitae. Então, se você puder preencher seu C.V. com as habilidades procuradas por algum empregador, você passa a ter função e sua vida encontra um promissor significado. Caso contrário, este é o primeiro passo para se sentir um Zé Ninguém.


Em um mundo onde ser importante é aparecer na televisão, ter dinheiro ou poder (ou os dois últimos de uma só vez), o que sobressai mesmo é uma população de excluídos do sistema. Aí vale tudo para alcançar esses predicados: vale ir contra as suas vontades, vale se sujeitar a padrões estéticos, vale investir pesado no marketing pessoal. E dá para dizer que isso é errado? Acho que não. É o mundo em que vivemos e que nos é vendido.


Todo mundo quer estar bem: bem de vida, muitos amigos, amor e realização pessoal. Mas será que apenas seguir este caminho pré-estabelecido é suficiente? Vejo tantas pessoas infelizes. Umas porque não se encaixaram nesse sistema, outras porque se encaixaram e no entanto não se sentem completas.
As pessoas servem para tantas coisas, mas na maioria das vezes não servem a si mesmas. O que faz você feliz? Essa é a pergunta que, se respondida e seguida, talvez traga um pouco mais de sentido à existência de todos.


E mais adiante: precisa ter sentido? Preciso buscar um sentido? Não pode ser nada comunzinho, não? Ai, como as pessoas complicam as coisas.