Estou um pouco cansada. Cansada de ouvir a opinião de quem sabe demais, acha-se inteligente demais, justo demais, perfeito demais. Essas mesmas pessoas que tanto se acham importantes por defender certos direitos, por ser antipreconceito, são as primeiras a levantarem a voz para julgar, julgar e julgar sem fim.

Ah, sim, elas não têm preconceitos contra gays, nem contra negros, nem são machistas, muito pelo contrário, as minorias estão salvas pelo politicamente correto. Mas nas rodinhas entre amigos julgam sim. Julgam o diferente, julgam quem pensa diferente, quem tem uma religião diferente, quem tem uma crença diferente, quem se veste diferente, quem é de uma classe diferente, quem é mais feio, quem é mais bonito, mais magro, mais gordo...e eu poderia passar o dia listando julgamentos idiotas.

Eu não me excluo. Eu julgo também. Muitos preconceitos existem o tempo todo. Quem nunca julgou o livro pela capa que atire a primeira pedra. É difícil controlar, afinal, o mundo é feito de grupos e à medida que você se inclui em um vai se excluindo de outros. Decidir quem você quer ser implica em decidir quem você NÃO quer ser.

Acho ótimo você saber quem você é, ter uma identidade forte e definida, ser realizado seja lá no que você escolheu fazer e que seja feliz. Mas, antes de julgar-se melhor que os outros avalie bem a opinião que emitirá. Você é mesmo melhor que a pessoa/grupo/categoria que você está julgando? O que lhe faz melhor que o outro? Existe alguém melhor aqui?

Estamos todos no mesmo barco. Não somos diferentes, temos algumas "qualidades" e muitos "defeitos". Alguns "defeitos" fazem mal a outras pessoas, mas algumas "qualidades" também fazem. Quem decide o que é o quê? Você? Acho que não.

Reflita quem e por que você anda julgando. É importante se quisermos ter um mundo melhor, porque, afinal, não existem santos aqui.

*Antes que alguém venha com pedras para cima de mim, isso não tem nada a ver com o episódio de um certo deputado que nem quero citar o nome. A lei que cuide dele porque o que ele faz é crime. Cabe a nós protestarmos sim contra seus absurdos. Este texto tem a intenção de debater sobre os julgamentos que emitimos diariamente, os julgamentos considerados "legais".